19.5.10

ultimamente,
dedos verdes e calejados,
cadernos de letras tremidas inspiradas pelos freios da Transol,
o mínino de freios possível para as coisas que são realmente importantes,
ouvidos atentos, olhos fechados,
sapatos rotos
e uma vontade imensa de engolir a música de Vitor Ramil,
que, provavelmente, foi a única que
compreendeu parte dessa tristeza densa que habita as minhas entranhas
e se disfarça de alegria cotidiana.




......................................................

passarim

ai de mim, passarim!

eu que tanto vôo, não passo de um cágado.
[pra não dizer uma "cagona"]
que tanto corro, atolei no tempo
e quase morro de calma.
que disse: "quero ser outra", continuo querendo ser nada.
eu que tanto assobiava, agora queria cantar um pouquinho.
eu, tu... pensa não, coração!
que esse querer pode ser bonito
e virar canção de ninar.
dorme tranquilo e balança na rede.




.........................................................