30.4.10

o que pode

um navio, um nariz de palhaço, uma risada cicatriz – daquelas que desmonta todo um mundo edificado.

uma dancinha boba, ventilador de desejos, turbilhão na espinha. como traduzir?
a melhor heterotopia, aquilo que não se previa.
topamo-nos naquele planeta bizarro, fizemos poucas e boas por lá.
a doçura que nunca é tranqüila, nem quando vira gesto.
porque quer sempre existir, refazer-se doce.
corpo querido de incrível curvar-se dentro e fora.
corpo-eterno-desenrolar.
gosto de “puta que pariu! o que eu faço com isso que sinto?”
o “eu te amo” que não quer ser merecido, quer ser nossa capacidade de magia, acordo com aquela gostosa alegria de estar vivo.
simplesmente estar.
o nosso “eu te amo” tem um planeta só dele. ele é corpo que vibra por si.
ele já foi nuvem.
ele é uma potência.
o que pode um “eu te amo”?
eu não sei. mas quero descobrir contigo.

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nós de encontro

teu corpo tem nós de encontro

com o meu
e são tantos

teu corpo encontra meus nós
e cria nesse encontro um “entre nós” indescritível
impassível de metáfora

teu corpo compõe, funde, faz um novelo de dimensões enroladas
teu corpo-alma é um bom encontro
quando me dissolve nesse vibrar enlouquecido

teu corpo tem tantos nós
que preciso aprender-me para encontrá-los
e esse aprender como ser um “nós”
tem me motivado tanto

teu corpo também tem nós de maus encontros
que eu dissolvo com meus dedos sempre que consigo

nesse incessante apertar de peles e músculos
a gente cria mais de nós do que imaginamos

teu corpo tem pequenas vidas
cheiros, contornos, texturas
que me atravessam em desejos de ser vento, navio e todas essas palavras que vomito
teu corpo-alma é uma infinitude

teu corpo tem sido uma imensidão que eu navego
um emissor de intensidades-pró-poesia
não sei se consigo e nem sei porque preciso descrever teu corpo
descrever é sempre tão difícil
e é ainda pior quando a gente começa as estrofes sempre do mesmo jeito

mas é que... teu corpo...

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POEMA PARA LUIZ

PALAVRA CANTADA.
TATI É MEU TURNO.
“SA”, SOL DE VÁRIAS LUAS.
TACITURNO.
PLURAL. POEMA OBSCURO.
LEVE QUE PÓ.
BELEZA VICIANTE.
DE MÚLTIPLA TÔNICA.
SÓ SEI DO SEU CANTAMENTO, A CULMINAR NO MEU “EN”.
E QUERO MORAR POR BONS TEMPOS NESSA ALTITUDE.
E DA MORADA, EVENTUALMENTE, PERDER O “L”.