9.1.08

Guinga e Aldir Blanc: absurdo!

Nem cais nem barco (Guinga - Simples Absurdo 1991)


O meu amor não é o cais,
Não é o barco.
É o arco da espuma
Que, desfeito, eu sou.
É tudo e coisa nenhuma,
Entre a proa e a bruma, o amor.
É a lembrança que enfuna
Velas na escuna que naufragou.
Não é no livro antigo o olor
De rosa que eu recebi.
Não é a ode, a loa,
Em Fernando Pessoa,
Mas é a nostalgia
Do que eu não li.
Não é camafeu,
Exposto na vitrine, em loja de penhor,
Mas é o que doeu
No peito feito um crime
Ao homem que o trocou.
É o olhar de um instante
Fixando o amante
Em plena traição
Que há em noivas degoladas no caramanchão.
É o vulto de mulher,
Há muito tempo morta,
Em frente à penteadeira.
É o vazio que a
Ausência dela ocupa ao ver sua cadeira.
A chuva dessa tarde trouxe o Tito Madi
E apenas eu ouvia...
Ah, o amor é estar no inferno ao som de Ave Maria!


Nenhum comentário: